sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

INTERTEXTUALIDADES, 1


«Voltou-me ao espírito uma frase recorrente da minha mãe: Pára ou corto-te as mãos dizia ela quando me apanhava a mexer nas suas coisas de costureira. E essas suas palavras eram para mim verdadeiras tesouras, muito grandes e de metal brilhante, que lhe saíam da boca, lâminas que me abocanhavam os pulsos e deixavam em seu lugar cotos rematados pela agulha e os fios dos carrinhos de linha.»

(Elena Ferrante, Os Dias do Abandono, ed. Dom Quixote, 2004, tradução de Miguel Serras Pereira. Ilustração de S.J.-Ash para o conto dos irmãos Grimm, A Menina sem Mãos.) 

Sem comentários: