domingo, 31 de janeiro de 2016

FLORESTAS DE SÍMBOLOS


Também para mim foi surpreendente - e gratificante - encontrar «ecos» do Onde Moram as Casas (ed. Caminho) numa passagem de Dom Casmurro, de Machado de Assis. Guiada pelo instinto único que existe em cada bicho-leitor, a Andreia Brites detectou-os e explicou porquê no seu blogue. Há pouco tempo, ao ler um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, o «eco» ressoou na direcção de um dos meus livros favoritos de Shaun Tan: A Árvore Vermelha (ed. Kalandraka). A ligação entre o universo opressivo e o alento providenciado por um elemento natural de cor vermelha também se pode ler no poema de Sophia:


Como uma flor vermelha

À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.

Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.

Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.

(Poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen, ed. Assírio& Alvim, 2013)

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