terça-feira, 17 de novembro de 2015

BARAFUNDA


Ari: E não é uma grande confusão? Uma grande barafunda?
Nave: É, mas muito organizada.
Ari: Então está tudo arrumado, não está?
Nave: Sim e não.
Ari: Então? Sim e não? Que confusão!
Nave: As coisas nunca estão todas arrumadas nem todas desarrumadas. Elas vão dançando e mexendo-se e nós, ao olharmos para elas com atenção, e dançando com elas, ajudamo-las a encontrar o lugar de que elas gostam mais.
Ari: As coisas dançam e nós dançamos com elas? Nem que seja a vê-las dançar? Dançamos com os olhos? Que coisa tão difícil!
Nave: Não é difícil. É tão simples como ver as estrelas e dar-lhes um nome. Acredita.

(in Barafunda, um livro com texto de Afonso Cruz e Marta Bernardes, editado pela Caminho, com ilustração de José Cardoso. Um livro para crianças? Sim e não. Um livro, diz o posfácio, «para compreender, de forma poética e lúdica, uma série de processos filosóficos e organizacionais, tanto do mundo como da mente humana, que são fundamentais na formação de um pensamento emancipado e crítico.» Nas escolas de um futuro melhor, os manuais serão substituídos por livros como este.)

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