segunda-feira, 28 de setembro de 2015

CASA, FAMÍLIA, IRMÃO


MR: Pensas que as crianças estão preparadas para ter dois pais ou duas mães?

CMA:
Para te responder a essa questão, sem ser superficial, tinha de estar implicada numa de duas formas: afectivamente, ou seja, estar eu própria nessa situação, ou ter alguém muito próximo que estivesse... Ou então de uma forma teórica, com uma visão mais fundamentada e científica. Não tenho nem uma nem outra. O que sei é que as crianças estão sempre preparadas para serem amadas e respeitadas. Isso é no que eu acredito. Por isso é que neste livro eu e a Marta mostramos famílias funcionais e em situações felizes. Sempre.


(...) 

MR: Nos títulos dos teus livros tu tens “casa”, “família”, “irmão” e a tua temática concentra-se muito na família. Porquê esse interesse?

CMA: Nós falamos daquilo que temos em abundância ou falamos daquilo que nos faz falta. A escrita é isso. Quando estás muito feliz queres viver. Não vais pensar em estar fechado a escrever. Eu falo daquilo que sinto falta – e a falta ocupa, às vezes, um lugar enorme. As minhas vivências familiares foram fortíssimas, cheias de coisas muito boas e outras muito más. E é aí que está o meu magma literário. Tenho uma memória emocional muito forte que se mobiliza quando escrevo. É a minha maior ferramenta. E as duas forças que me fazem ter vontade de escrever são sempre o amor e a revolta, disso tenho a certeza.


[Duas das muitas e boas perguntas de Mário Rufino - também autor das fotos - para a entrevista publicada sexta-feira no Diário Digital. Onde se fala do Amores de Família, do Irmão Lobo, dos outros livros, do processo criativo, da escrita, da família e outros mistérios. Pode ser lida na íntegra aqui.]

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