terça-feira, 16 de dezembro de 2014

III CONCURSO LA ATREVIDA



No número 136 da revista LER, recém-chegado às bancas, escrevo sobre um projecto de amor em tempos de cólera: um concurso literário destinado a crianças e adolescentes entre os 8 e os 14 anos, sem condescendências nem pantominas, a julgar pela qualidade do júri e dos textos seleccionados. Já foram publicadas duas antologias e espera-se uma terceira. O prazo para a recepção dos originais em língua portuguesa foi prolongado até 30 de Janeiro (ver regulamento completo aqui). Excerto do meu artigo e de um texto sem paninhos quentes:

(...)

«Nesta segunda antologia, de 2014, a palavra «crise» continua presente. Outras: «escola», «trabalho», «bullying», «liberdade» e «LOL». As privações sociais e económicas atravessam muitos textos («Vida difícil», «Desapareceu o verbo trabalhar», «Uma moeda importante»), mas há abordagens mais lúdicas e fantasiosas, dotadas de humor surreal («Mundo ao contrário», «Os três porquinhos em Marte»). Há textos que impressionam pela brutalidade intrínseca dos temas («Sozinha», sobre a automutilação); e outros pela maturidade psicológica e literária, como o merecedor do segundo prémio, de amplas ressonâncias tchekovianas («A solução»). Os russos também não andam longe deste desassombrado retrato geracional («Ensaio sobre a maternidade»), de vocação contestatária e – porque não dizê-lo? – atrevida. A autora tinha então 14 anos:  

"Crescemos, uns de forma mais natural que outros, e chegamos àquela idade insuportável de cada projeto de vida, mais conhecido (sic) como a temível fase da ADOLESCÊNCIA (vale a pena salientar que sou uma dessas pestes em desenvolvimento...). Ficamos mais altos, mais sebosos, emanamos um imprestável odor pubescente, comemos que nem porcos, dormimos demais, ficamos mais idiotas do que nunca. Aqui, é a mãe que quer atirar o filho pela janela. E aqui surgem os maiores problemas: somos mais ou menos como os cães, “são mais giros quando são pequeninos”. Começamos a questionar e a ripostar tudo e algo mais, incluindo o trabalho a full-time das nossas queridas progenitoras. “Quando fores mãe, saberás”. Esperemos que isso não aconteça tão cedo."»

Sem comentários: