sábado, 30 de novembro de 2013

OS ÚLTIMOS CONTOS


Peço desculpa, mas não consegui encontrar uma imagem que mostrasse a capa deste livro, O Último Conto (Gatafunho). É um pequeno enigma que será resolvido mais logo, na livraria Gatafunho (Rua do Trombeta, 1D, ao Bairro Alto, Lisboa), a partir das 21h30, quando Rodolfo Castro revelar o que acontece a um bairro quando a voz do contador de histórias se apaga. Além da apresentação do livro, Rodolfo vai brindar os presentes com uma mão cheia de histórias, as últimas deste ano que se aproxima do fim. Vai ser uma bela noite, aposto.

UMA LIVRARIA É UMA SEGUNDA CASA


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

RINOCERONTES SOBEM A AVENIDA


No próximo sábado, 30 de Novembro, às 17h00, apresento o novo livro de Gilda Nunes Barata, ilustrado por Danuta Wojciechowska e Joana Paz: Um Rinoceronte e uma Gaivota na Torre de Belém (ed. Lupa). Não será bem uma apresentação formal, com direito a discurso sério; antes uma conversa entre as autoras que me caberá moderar. A seguir, inaugura-se a exposição de ilustração da Danuta e, depois, haverá uma actividade para crianças e um lanchinho. Tudo isto acontece no Espaço 62, em Lisboa (Rua Conceição da Glória, 62). Cliquem no convite para aumentar a imagem. Podem ver a página do Facebook aqui

terça-feira, 26 de novembro de 2013

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MANHÃS QUE BRILHAM



as manhãs começam logo com a morte das mães,
ainda oito dias antes lavavam os cabelos em alfazema cozida,
ainda oito anos depois os cabelos irrepetíveis,
todas as luzes da terra abertas em cima delas,
e então a gente enche a banheira com água fria até ao pescoço,
e tudo brilha na mesma,
brilha cegamente.

(Do livro Servidões, um poema de Herberto Helder dito pelo jornalista da TSF Fernando Alves, numa produção audiovisual Cine Povero. Mais no Vimeo.)

sábado, 23 de novembro de 2013

TIPPI E O LIVRO DA SELVA




Ainda bem que este livro só foi publicado muito depois, ou Tippi Benjamine Okanti Degré teria sido perseguida por fotógrafos e jornalistas e gurus espirituais - e depois transformada numa atracção de freak show, o que certamente lhe teria sido fatal. Tippi, agora com 23 anos e a viver em França (nasceu a 4 de Junho de 1990), passou os seus primeiros dez anos entre os animais, acompanhando os pais, franceses e fotógrafos da vida selvagem, nas suas viagens por África. Estas fotografias e o video acima falam por si. Para uns, será um exemplo extremo de irresponsabilidade parental (como alguém comentou no FB); para outros, um caso raro de uma criança sobredotada, «índigo» ou outra dessas cores transcendentais muito em voga. Será ela a nossa parente mais próxima de um tempo não tão recuado assim, quando a humanidade ainda não tinha inventado a agricultura, o sedentarismo, a domesticação e, enfim, a civilização? Dá que pensar. As imagens são belíssimas. Bom fim-de-semana. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

CICLO DE SEMINÁRIOS NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO


Nas próximas três segundas-feiras (dias 25 de Novembro, 2 e 9 de Dezembro), o Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (IEUL) abre as portas ao ciclo de seminários «Para pensar a literatura infantil». Três especialistas falam sobre três temas actuais. Cliquem na segunda imagem para ler melhor ou sigam este link do Instituto de Educação. As sessões decorrem sempre entre as 18h00 e as 20h30 na sala 7 do IEUL. Com entrada livre e sem necessidade de inscrição prévia.

ONTEM EM BOGOTÁ


Foi ontem oficialmente apresentada por Jerónimo Pizarro a colecção infanto-juvenil da editora colombiana Rocca. No Quiero Usar Anteojos e Donde Viven las Casas deram o pontapé de saída. Para o ano, se tudo correr como previsto, também lá estará o Hermano Lobo

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

19º ENCONTROS LUSO-GALAICO-FRANCESES


Nos dias 28 e 29 de Novembro, o auditório da Escola Superior de Educação do Porto recebe os 19º Encontros Luso-Galaico-Franceses do Livro Infantil e Juvenil, este ano sob o mote «Formar Leitores - Os Livros Imprescindíveis». Conferências, ateliers, venda de publicações e, muito importante,  encontros ao vivo com a «comunidade» da LIJ. Tenho pena de não poder ir. Aqui fica o email para onde podem pedir, o quanto antes, o programa completo e a ficha de inscrição: nela@ese.pp.pt

LUGARES DE MAP


Quantas e quantas casas pode ter um homem do mundo? Para Manuel António Pina, uma das primeiras está no Sabugal, onde nasceu a 18 de Novembro de 1943. O jornalismo foi outra e, por isso, o Museu Nacional da Imprensa organizou uma mostra dividida em cinco núcleos (infância, literatura infantil, teatro, poesia e jornalismo) que pode ser vista até 31 de Janeiro de 2014 no Museu do Sabugal. Ao mesmo tempo, decorre um concurso para as escolas do distrito da Guarda com dezenas de prémios em livros para as bibliotecas escolares. Informações sobre horários e não só aqui.
 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

SEM SOMBRA DE DÚVIDA


Só ontem prestei atenção à notícia da Ilustrarte 2014, que inaugura em Janeiro no Museu da Electricidade. Houve cerca de dois mil participantes, 391 dos quais portugueses, e apenas seis foram seleccionados para a exposição: André da Loba, Ana Ventura, Bernardo Carvalho, João Vaz de Carvalho, Teresa Lima e - a única novidade - Marta Monteiro. Nesta sexta edição da Bienal Internacional de Ilustração para a Infância, ganhou a ilustradora alemã Johanna Benz. Para saber mais é melhor consultar o blogue Letra Pequena, de Rita Pimenta, que escreveu sobre o tema no Público e sugere links para conhecer o trabalho da vencedora, entre outros. Pessoalmente, não me atrai muito esta estética do grotesco (e por isso também não gostei do livro que ganhou o último Prémio Nacional de Ilustração), mas admito as minhas limitações académicas e reconheço a diferença entre ver ilustração no ecrã e «ao vivo», por isso espero por Janeiro. Em relação à Ilustrarte 2014, prefiro salientar uma ilustradora que se estreou agora em livro: Marta Monteiro. Nascida em Penafiel, em 1973, é formada em Artes Plásticas/Escultura pelas Belas-Artes do Porto, tendo experiência no cinema de animação, ilustração e ensino. Sombras, publicado recentemente pela editora Pato Lógico, é um picture book sem texto que revela maturidade de execução e condução narrativa; e, sobretudo, uma visão do mundo singular, poética e muito humana. A ideia, como podem perceber pelas imagens, é a de que as nossas sombras diriam muito sobre nós, se pudessem (mas têm de ler o livro todo para perceber a história). Marta Monteiro vai dar que falar, aposto.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O PINA, UM SENHOR



Em O Senhor Pina (Assírio & Alvim) Álvaro Magalhães assumiu a delicadíssima tarefa de fazer literatura e prestar homenagem a Manuel António Pina, que nos deixou a 19 de Outubro de 2012. Como arriscar este feito sem soar programático e, ao mesmo tempo, incorrer nas armadilhas do tom elegíaco, onde o sentimentalismo espreita a cada esquina? Talvez a resposta esteja na fala do urso Puff: «Sei como as coisas são quando não estamos a olhar para elas.»

Dir-se-ia que Álvaro Magalhães não andou à procura do melhor ângulo para capturar um retrato do escritor e amigo de longa data. Apenas deixou que ele lá estivesse, ganhando outra vida por intermédio das palavras. Ao longo de 89 páginas de puro deleite, as duas vozes misturam-se, o que nada deve ao sobrenatural – é até muito natural. Sendo inconfundível, a escrita de ambos partilha da mesma lisura e profundidade poética que só se atinge depois de largar muito lastro mental. Aliada à vocação dos brincadores, essa capacidade de «dizer, dizendo-o» evidencia-se claramente nos livros para os mais novos – e que nos perdoe Manuel António Pina o uso do «para», ele que desconfiava das funções.

Os gatos, as cigarrilhas, o casaco de bombazina verde, o urso Puff, o fascínio pela ciência, os amigos, a família, a poesia, os livros, o Porto, o futebol, o amor aos animais, a informalidade, os atrasos proverbiais e a agenda sempre sobrecarregada pelo vício de dizer que sim à vida, todas essas coisas entram em O Senhor Pina. Discretamente ilustradas por Luiz Darocha, amigo comum de ambos, são 16 pequenas histórias que nos recordam um pouco do que sabíamos sobre ele; ou nem por isso. «Isto é verdade e não. E é tudo imaginação.» O Pina, um senhor.



(Texto publicado na revista LER nº 128. Manuel António Pina faria hoje 70 anos. Sobre a homenagem que decorre hoje no Porto e, em especial, na Biblioteca Almeida Garrett, local escolhido para o lançamento deste livro maravilhoso, é favor consultar o blogue Letra Pequena.)

sábado, 16 de novembro de 2013

OUTONO NA BIBLIOTECA NACIONAL


Por estes dias é recomendável uma visita à Biblioteca Nacional, onde, de 19 a 23 de Novembro, decorre uma feira do livro de edições da BNP, Inapa e Direcção-Geral das Artes. Os descontos vão até 80 por cento do preço de capa para livros de história, literatura, ciência, arte, etc (lista completa aqui), com pechinchas a partir de um euro. Vale a pena reservar também algum tempo para conhecer a exposição de Livros de Horas medievais e a mostra comemorativa do centenário do psicanalista e pedagogo João dos Santos (1913-1987), um dos grandes livres pensadores da singularidade da criança. Há uma página coordenada por António Sampaio da Nóvoa que reune testemunhos e contributos à volta da sua figura e do seu trabalho (ver aqui.)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

AMANHÃ É DIA DE DESASSOSSEGO


No dia em que José Saramago completaria 91 anos, o convite é para nos desassossegarmos e sairmos à rua com um livro na mão. Passar o dia a ler, se possível. No metro, no autocarro, no café, no jardim, na praça, na escadaria da igreja. Em qualquer lugar público onde haja gente e seja possível ver, por um instante, as palavras a circularem pelo ar, escrevendo novos livros, novas linhas, novos começos e fins. Amanhã pode ser um dia muito especial. O programa completo da Fundação José Saramago está aqui.

BRINCADOR E PENSADOR


«Nos dias que se seguiram, fui intimado a praticar desporto, que era parte do plano para me masculinizar e me tornar mais forte e resistente. Se ia para o 2º Ciclo, até devia aprender judo e karaté, ou talvez aprender a usar uma arma de fogo. Mas tenho para mim que o desporto não é tão saudável como o pintam, ou os desportistas não passavam metade da sua vida desportiva lesionados.»

(in O Rapaz dos Sapatos Prateados, de Álvaro Magalhães, um escritor que há 30 anos nos comove e nos deixa a pensar que coisa é essa, tão boa e tão indispensável, a que uns chamam «perder tempo» e outros chamam «devaneio».)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

EM TODA A PARTE EM NENHUMA PARTE


Há dias em que daria um certo jeito ter o dom da ubiquidade. Na Casa Fernando Pessoa, às 18h30, celebra-se o centenário de Albert Camus, nascido a 7 de Novembro de 1913 num meio pobre do que era então a Argélia francesa. A quinhentos metros dali e à mesma hora, na Capela do Rato, José Tolentino Mendonça apresenta o seu último livro, Os Rostos de Jesus (ed. Círculo de Leitores/Temas e Debates), um ensaio sobre as muitas figurações de Cristo nos cruzeiros de pedra fotografados por Duarte Belo. Além da coincidência geográfica e de qualidade intelectual dos presentes (António Mega Ferreira na Casa Fernando Pessoa;  José Mattoso e Tolentino Mendonça na Capela do Rato), há também aqui uma curiosa convergência moral, literária e política. Se Albert Camus, escritor e jornalista do combate pela liberdade e pelo homem, foi um agnóstico com o sentido do sagrado, José Tolentino Mendonça, poeta e teólogo, é um escritor que pensa Deus e a religião trazendo sempre o indivíduo para o centro. Não é demais recordar que a Capela do Rato foi o centro da famosa vigília que juntou crentes e não-crentes na contestação à guerra colonial, nos finais de 1972, na mesma altura em que em Moçambique ocorreram os infames massacres de Wiriyamu, Chawola e Juwau. Tudo isto dá que pensar, mas, sobretudo, ouvir. Agora, escolham. Pode dizer-se que, hoje, Campo de Ourique está no centro do mundo. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

SOMOS PARTE DA ALCATEIA


Entre as formas mais inquietantes da predação da natureza selvagem está o desaparecimento do território. As pessoas perdem as suas casas, os animais também. Não vejo qualquer diferença. Creio que só daremos um salto quântico civilizacional quando compreendermos que nem as pessoas estão à frente dos animais, nem os animais estão à frente das pessoas. A aprofundar-se este desequilíbrio, a extinção das espécies poderá ser transversal. Espero que esse dia nunca chegue. Espero também que os lobos possam continuar a viver em paz nos 17 hectares do Centro de Recuperação do Lobo Ibérico. A sobrevivência do projecto está em risco se não se juntar a quantia necessária para comprar o terreno onde o Grupo Lobo tem uma das suas importantes bases. Saiba como pode ajudar aqui.

BLAKE SUN


We are led to believe a lie
When we see not thro' the eye
Which was born in a night to perish in a night
When the soul slept in beams of light.

(William Blake, 1757-1827)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

BOLOTA, A LOBA


Bolota nasceu no Verão de 2012, na mesma altura em que submergi na escrita do Irmão Lobo. É agora uma loba juvenil, a mais nova dos dez animais que habitam o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico, situado entre Mafra e a Malveira. Estive lá no último sábado, para uma das visitas guiadas que acontecem aos fins-de-semana, graças ao empenho dos voluntários que contribuem para o trabalho desta organização não-governamental. Ali, os lobos vivem em segurança após terem sido retirados de cativeiros ilegais ou jardins zoológicos que não os querem/podem albergar por mais tempo. A reintrodução nos habitats não é uma opção. Encontrá-los à vista desarmada é sempre incerto, mas com a ajuda de binóculos todo o grupo conseguiu ver pelo menos três animais, dormindo ou em movimento. Foi uma emoção, quer para os adultos quer para as crianças. A Bolota não apareceu. Só a Faia, a progenitora, também presente nesta fotografia (o pai, Soajo, morreu depois de ela nascer). Para quem não tenha lido o Irmão Lobo, Bolota é o nome da narradora, uma adolescente de 15 anos que recorda uma estranha aventura on the road passada na infância, bem como a separação dramática da sua «tribo» familiar. Claro que não sabia da existência de Bolota, a loba, até ao último sábado. Chamem-lhe coincidência. Eu prefiro chamar-lhe a manifestação das coisas escondidas.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A COLECCIONADORA DE ERVAS



A alfarroba é uma fonte importante de pectina e cálcio. Os frutos do morangueiro são ricos em vitaminas e sais minerais. A urtiga aumenta a produção de serotonina. As folhas e flores da margarida são comestíveis. O outro nome do amor-de-hortelão é agarra-saias. Os conchelos também são conhecidos por umbigos de Vénus. Segundo uma superstição inglesa, as amoras não devem ser colhidas depois da festa de S. Miguel, porque o diabo terá cuspido nelas... E mais? Há tanto para saber acerca das ervas silvestres e flores comestíveis que a escolha das 53 apresentadas nesta agenda anual – já na quinta edição – não foi nada fácil para Fernanda Botelho, especialista em botânica e plantas medicinais. Também com a chancela da Dinalivro, assinou três bonitos livros para crianças em parceria com a ilustradora Sara Simões, dedicados à mesma temática (falámos deles aqui e aqui). Se quiserem passar 2014 de boa saúde e não contribuir para a duvidosa indústria cosmética, é manter esta agenda em agenda.

sábado, 2 de novembro de 2013

JARDINEIROS DE SÁBADO DE MANHÃ


Cavar, sachar, cortar, regar, plantar, semear, mondar, abicar, tuturar, transplantar, enxertar, adubar, desbastar, repicar, retanchar, envasar, nivelar, abacelar, aconchegar. Nos verbos aplicados à jardinagem não há falta de «ar». A Escola de Jardinagem da Câmara Municipal de Lisboa realiza cursos livres para leigos, iniciados e avançados, sempre bastante concorridos – e agora é fácil perceber porquê. Em cima, três registos do último curso de Iniciação às Técnicas de Jardinagem: fotografia de grupo no dia de entrega dos certificados; no intervalo do café e outros mimos; a fazer rodas de alfazema. Aqui, a notícia no site da câmara. Para o ano há mais.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

LOU, LAURIE & LOVE



«To our neighbors:
 
What a beautiful fall! Everything shimmering and golden and all that incredible soft light. Water surrounding us.

Lou and I have spent a lot of time here in the past few years, and even though we’re city people this is our spiritual home.

Last week I promised Lou to get him out of the hospital and come home to Springs. And we made it!

Lou was a tai chi master and spent his last days here being happy and dazzled by the beauty and power and softness of nature. He died on Sunday morning looking at the trees and doing the famous 21 form of tai chi with just his musician hands moving through the air.

Lou was a prince and a fighter and I know his songs of the pain and beauty in the world will fill many people with the incredible joy he felt for life. Long live the beauty that comes down and through and onto all of us.

Laurie Anderson
his loving wife and eternal friend»


(carta de Laurie Anderson para Lou Reed, publicada no East Hampton Star, um jornal de Long Island, New York. O concerto de homenagem dos músicos portugueses é hoje, no Largo do Intendente, Lisboa)