terça-feira, 30 de outubro de 2012

OLHA O LIVRO NOVO DA BRUAÁ

UMA AVENTURA AUTOBIOGRÁFICA


Tudo Tem o Seu Tempo é uma autobiografia de Ana Maria Magalhães, editada pela Caminho, chegada ontem às livrarias. O lançamento será no dia 5 de Novembro, pelas 18.30 horas, na Livraria Leya na Barata e a apresentação será feita por Isabel Alçada, sua aliada na série "Uma Aventura", que vendeu oito milhões de exemplares desde 1982. O livro apresenta-se como “o relato da sua infância e juventude até aos vinte anos”.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ÓCULOS PARA ANDAR À CHUVA



Chuva, muita chuva no 1º Festival Literário de Castelo Branco, que termina hoje. Os óculos recomendados só poderiam ser mesmo «uns óculos para andar à chuva» – como estes, feitos por alunos do Agrupamento Faria de Vasconcelos, que nos receberam com muita graça e curiosidade. O plural justifica-se porque as visitas foram partilhadas com a Patrícia Reis (escritora) e a Danuta Wojciechowska (ilustradora), excelentes companheiras de sessão e não só. O nosso «Trio Eléctrico» passou também pelo Agrupamento João Roiz e pela Escola Secundária Nun’Álvares, onde teve de agarrar 80 miúdos de 13 e 14 anos em polvorosa com o teste que iam ter na hora seguinte. Não foi fácil, mas conseguimos. Foram dois dias muito bem passados, com a excelente organização da Câmara Municipal de Castelo Branco e a produção da Booktailors. Adorei. Pode vir mais chuva!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O PAÍS DOS TERMINATORS - EM REPRISE



Felizmente, não faço parte das gerações que cresceram a ouvir mentiras sobre a grandeza de Portugal, as suas glórias passadas e os seus heróis tão convenientes. Tive um derriço por Portugal quando tinha 20 anos e lia as crónicas do MEC no Expresso, mas a verdade é que nem o saudosismo de Teixeira de Pascoaes nem o pitoresco da manteiga Primor chegam para fazer esquecer o resto. E o resto é isto: um país pobre e claustrofóbico, amesquinhado pela eterna pequenez dos seus políticos e ensandecido por rasgos pontuais de histerismo mediático à volta do futebol, do clima ou do escândalo. Não é só isto, mas é cada vez mais disto.

E nesta estreiteza que começa na geografia e se estende por todos os planos da vida nacional, acentuando-se no plano inclinado, é sempre doloroso quando desaparece mais um “dos bons”. A morte de Saldanha Sanches alimenta o sentimento de orfandade cívica e moral de quem não vive protegido por berços ou conluios; ou seja, quase todos nós, os sobreviventes.

Se a morte é absoluta, dói ainda mais quando a perda parece insubstituível. Por cada Mário Viegas e cada Agostinho da Silva que desaparece, multiplicam-se os lugares vazios, as sombras e as subserviências. Raro, cada vez mais raro encontrar o “riso admirável de quem sabe e gosta/ ter lavados e muitos dentes brancos à mostra”, como nos versos de Cesariny. Também eu estou cansada de ver “os melhores espíritos da minha geração” destruídos pelo desgosto quotidiano que é viver neste país; gente para quem emigrar, hoje, é uma decisão tão saudável como combater o mau colesterol. Quem fica, seja por que razão seja, sabe que tem de ser feito de uma liga especial para resistir à corrosão e ao desgaste permanentes. Uma têmpera de aço, ferro, carbono, fósforo, titânio, tungsténio e o diabo a sete, como o raio do Terminator.

Acontece que a maior parte das pessoas não quer ser o Terminator, com todo o direito que lhes assiste. Não quer ser herói nem vilão, porque cada uma dessas escolhas dá trabalho. Só quer ter um emprego, uma casa, uma família, um ordenado decente ao fim do mês, escola e hospital, e caracóis com cerveja ao fim-de-semana. Ao que parece, é pedir muito. Dêem-lhes mais tungsténio.


(Pela primeira vez, republico um texto do Jardim Assombrado, originalmente datado de 15 de Maio de 2010. Em memória de Manuel António Pina, mais um "dos bons" que desaparece.)


domingo, 21 de outubro de 2012

MANUEL ANTÓNIO PINA (1943-2012)



Sei que chovia na tarde de 28 de Novembro de 2003, porque tenho a data estampada na folha de rosto autografada de Os Livros. Combinámos a entrevista no Pinheiro Manso, perto de casa dele. Apareceu vestido dos pés à cabeça com um impermeável verde-garrafa, calças e casaco, a rir-se daqueles paramentos: «Não devia ter saído assim. A minha mulher diz que pareço um homem do lixo.» Falámos dos seus heróis da infância e adolescência, o tema da minha primeira reportagem para a LER, ainda sob a direcção de Mafalda Lopes da Costa. Falámos de Pancho Villa, Huckleberry Finn, Heitor, Mandrake, Will Eisner, Li’l Abner (aqueles decotes, Deus meu!), Robert Crumb, Hergé, Sandokan. Depois contou-me o episódio do cão enxotado a pontapé pelo guarda de um centro comercial, um desses rafeiros cheios de pulgas e sarna, a apontar os ossos à fome por baixo do pelo ralo. Contou-me como naquele momento desejou vestir a capa de Mandrake e transformar o pobre bicho num leão de dentes afiados. Mandrake faz um gesto e…

Não morreste. Ninguém que valha alguma coisa suporta a tua morte. Mandrake, faz um gesto. Faz a porra de um gesto. Afinal, para que servem os ilusionistas?