terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CEREJAS, CASAS E OUTRAS COISAS POSITIVAS


Esta foi a segunda vez que fui à televisão comentar a rubrica “Notícias Positivas”, sete ou oito minutos no início do programa Sociedade Civil. O pretexto foi o lançamento do Onde Moram as Casas, que estará esta semana nas livrarias. Registo o facto de a Fernanda Freitas ter escolhido mostrar a ilustração do camião de mudanças num dia de chuva, a mais melancólica de todas que o Alexandre Esgaio fez (com texto a condizer), e aquela a que ninguém fica insensível. Não sei se as crianças registam o impacto emocional desta experiência da mesma forma que os adultos, mas o livro é para todos. À parte isso, tive o cuidado de não me vestir de preto e de sorrir mais, seguindo os conselhos de algumas almas que zelam por mim. Descontando os “aahh…” e aqueles momentos críticos de hesitação em que nos sentimos vagamente estrábicos, acho que correu bem. A seguir, no debate, falou-se de “barrigas de aluguer”, perdão, “maternidade de substituição”, como prontamente me admoestou um dos convidados, antes de entrar para o estúdio, acusando-me de insultar o género a que pertenço. Longe de mim. As minhas “Notícias Positivas”? Novo site Portugal-Bolonha 2012, blogue do ano para o Almanaque Silva e simpósio sobre os Irmãos Grimm em Lisboa. Obrigada à Angelina Pereira, do blogue Bibliotecar (também ficou bem classificado no ranking do Aventar), que conseguiu sacar esta imagem. Podem ver o resto aqui.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

PORTUGAL-BOLONHA 2012: O SITE


Tudo o que vai acontecer este ano na Feira do Livro Infantil de Bolonha, de 19 a 22 de Março de 2012, vai passar por aqui. São as primeiras notícias do site - incluindo a lista dos 25 ilustradores portugueses presentes na exposição "Como as cerejas" - concebido pela Silvadesigners, onde também estarei a jardinar nas próximas semanas.

sábado, 28 de janeiro de 2012

OUVIR O CORAÇÃO DAS CASAS


“É isso que este belo livro nos vem dizer: de tanto se habitarem, de tanto se habituarem, casas e pessoas se parecem entre si. Estas casas do largo (é o texto que o diz) "gostam de estar perto umas das outras, tão perto que se possam tocar, ver, ouvir, cheirar e saborear". São assim as casas da primeira ilustração. Há uma árvore e dois bancos no centro do largo, um cão persegue um gato num passeio, há uma loja de roupa, uma bicicleta encostada a um candeeiro e um marco de correio, um terraço com vasos de flores, uma janela aberta deixando ver um rádio sobre a mesa, há roupa na corda no primeiro andar da casa branca em cujo rés-do-chão há um café.”

(A crónica de Fernando Alves nos “Sinais” de ontem foi dedicada ao Onde Moram as Casas. É um belo texto para ouvir ou ler na íntegra na página da TSF, aqui. A fotografia acima foi tirada na casa onde nasci, em Matosinhos, junto às flores que mais tarde voltariam a crescer no Jardim Assombrado.)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

COM AS MÃOS NA MASSA...


... a trabalhar no site que vai dizer tudo sobre a presença de Portugal - país convidado - na próxima Feira do Livro Infantil de Bolonha. Muito em breve daremos notícias no Jardim Assombrado. Um pouco de paciência...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ÓCULOS PARA UMA CUCA BACANA


«Portuguesa natural de Matosinhos, Carla Maia de Almeida é autora de Não Quero Usar Óculos, da Editora Peirópolis. Inspirado nas vivências de sua própria infância (já que aos 4 anos de idade ela começou a usar óculos), o livro já encantou adultos e crianças portuguesas e agora vem brilhando também no Brasil.»

Eu diria que primeiro sou de Matosinhos, e só depois "portuguesa". Manias. Este é o início de uma entrevista online à revista Crescer (Globo), a propósito da edição brasileira do Não Quero Usar Óculos, o meu segundo livro, com ilustrações do André Letria. A secção dedicada à literatura infantil chama-se “Livros para uma cuca bacana”. É disso mesmo que precisamos! Ler aqui.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ILUSTRARTE 2012






Os dias de inauguração não são os ideais para ver exposições, por isso terei de voltar o quanto antes ao Museu da Electricidade, em Belém, onde a Ilustrarte tomou forma na sua 5ª edição. Dos 50 ilustradores eleitos pelo júri, três chamaram-me imediatamente a atenção, pela concretização técnica e pela formulação do imaginário. De cima para baixo: Tim Van den Abeele (Bélgica), Michael Roher (Áustria) e Annalisa Bollini (Itália). Peço desculpa pela qualidade da "scannerização" caseira, in loco são incomparavelmente melhores. Podem ser vistas de terça a domingo, das 10h00 às 18h00, até ao dia 8 de Abril. A entrada é livre. Mais informação aqui.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

NOVO LIVRO DE DAVID ALMOND


Prémio Hans Christian Andersen 2010 para a modalidade de escrita, o inglês David Almond (de quem já falei aqui ou aqui) tem um novo livro traduzido para português, desta vez sob a chancela da Livros Horizonte (os outros estão na Presença). Chama-se Que Monstros Fabricamos?, está na linha da “crossover fiction” e entrou na shortlist para o Costa Children’s Book Award e a Carnegie Medal. Também foi adaptado a longa-metragem pela BBC. O jornal The Sunday Herald refere-se a ele como “o romance mais profundo e mais negro” de David Almond e o The Guardian caracteriza-o nos seguintes termos: «De um lirismo elegíaco sobre a inocência perdida, pontuado por momentos de humor feroz, este romance eficaz e revelador agarra-nos logo e fica a ressoar nas nossas memórias». Como fã incondicional, declaro-me rendida a priori e aguardo a volta do correio.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ERA UMA CASINFÂNCIA


Era uma casabsoluta - como
direi? - um
sentimento onde algumas pessoas morreriam.
Demência para sorrir elevadamente.
Ter amoras, folhas verdes, espinhos
com pequena treva por todos os cantos.
Nome no espírito como uma rosapeixe.

(Herberto Helder, excerto de «Poemacto II: Minha cabeça estremece com todo o esquecimento» musicado por Rodrigo Leão & Gabriel Gomes «"Os Poetas": Entre Nós e as Palavras», 1997)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ANIVERSÁRIO


cada dia que passa escrevo menos, e o pouco que escrevo exige todo o tempo disponível, requer paixão e partilha.
está frio de quebrar ossos.
às vezes queria ser pastor, homem transumante, ir e regressar com o sol e as chuvas, ir e regressar eternamente com o ciclo das estações.
hoje fiz trinta e seis anos. acabaram-se algumas coisas na minha vida, sinto isto, apesar de ainda não perceber claramente o quê. estou certo que a juventude não recomeça nunca, nem terá início hoje. habituo-me à grande desolação dos dias
diz o horóscopo que os capricórnios têm uma velhice feliz. a velhice, dizia Céline, é um sobejo da vida.
escasseia o tempo na tentativa de vislumbrar algum sossego.
escrever, passar a vida a escrever, para quê?

(in O Medo, de Al Berto, que faria hoje 64 anos)

VER AS CASAS POR DENTRO


Faltam só três semanas para o Onde Moram as Casas chegar às livrarias. Quem quiser espreitar já um bocadinho, só tem de ir à página da Caminho e clicar no "ver por dentro".

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CURSO DE LIVRO INFANTIL BOOKTAILORS

A quarta edição do Curso de Livro Infantil, uma parceria Booktailors/CMA, já está marcada para o início de Abril. Toda a informação aqui.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PRINCESAS E DRAGÕES




Passaram trinta anos desde o encontro do antropólogo Francisco Vaz da Silva com o lobisomem minhoto – e quem quiser saber pormenores deste encontro só tem de ler a entrevista publicada na edição de Novembro da LER (online aqui). Trinta anos de investigação que antecederam estes Contos Maravilhosos Europeus, uma excelente colecção que está a ser publicada pelo Círculo de Leitores/Temas e Debates, e que reúne algumas das principais versões de contos de fadas onde se cruzam gatas borralheiras e capuchinhos vermelhos, belas e dragões, monstros terríveis e brancas de neve, entre outras figurações do bem e do mal obsessivamente repetidas em épocas e geografias distantes.

Depois das variantes da Gata Borralheira, do Capuchinho Vermelho e das Fadas e Serpentes (mulheres encantadas), o início de 2012 traz o quarto volume da colecção, Matadores de Dragões, Princesas Resgatadas: «Em cosmogonias diversas, este [o acto de matar um dragão] é um acto primordial que figura a transformação do caos em cosmos. Nos contos maravilhosos a morte do dragão liberta uma princesa encantada, cuja conotação aquática ou astral é por vezes perceptível. Geralmente, tais princesas libertas representam um valor precioso retido pelo dragão e que a morte deste liberta.»

Em 2012, serão publicados os últimos três volumes da colecção: A Bela e o Monstro – Contos de Encantamento; A Morte Madrinha, Polegarzinha e Outros Contos; Branca de Neve e suas Irmãs.

Recorde-se que Francisco Vaz da Silva, professor no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e investigador no Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) da Universidade Nova de Lisboa, está a organizar o simpósio internacional sobre os Irmãos Grimm que decorrerá em Lisboa, em Junho de 2012.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PERDER UM EDITOR


Faço minhas as palavras da Sara Figueiredo Costa no Cadeirão Voltaire e da Andreia Brites n’O Bicho dos Livros acerca do afastamento de José Oliveira da Leya. A notícia do Público de ontem falava dele (não falando) como “o editor da Teorema”, uma forma muito especiosa de pôr as coisas, tendo em conta que José Oliveira foi editor da Teorema no último ano e responsável pela edição infanto-juvenil da Caminho nas últimas três décadas e meia. “Assim de repente”, parafraseando a Sara, isso dá quantos milhares de livros e de autores e de leitores? OK. Mas não, não é uma questão de fazer as contas, como dizia o outro que emigrou mais cedo. Basta citar um romance juvenil de 1979 (Rosa, Minha Irmã Rosa, de Alice Vieira), lembrar os prémios Newberry e Andersen publicados na colecção “Caminho Jovens” nas décadas de 1980 e 90, ou ainda as traduções da colecção “Borboletras”, já em 2009, para perceber a longevidade, coesão e excelência do catálogo construído por José Oliveira durante todo este tempo. Para mais pormenores, leiam o post da Andreia.

A notícia atingiu-me pessoalmente, porque José Oliveira foi meu editor na Caminho, e só posso dizer que isso foi uma sorte e um privilégio. Lembro-me do dia em que falei com ele a primeira vez, em Agosto de 2002: estava a preparar um dossier sobre literatura infantil para a Notícias Magazine (sim, é verdade, faziam-se dossiers…) e fui entrevistá-lo depois de três ou quatro horas de sono. Não foi preciso chegar a meio para me dar conta de que estava a fazer uma péssima entrevista. Expliquei a razão, tanto quanto é possível explicar, e ele sugeriu, cheio de paciência e gentileza, que remarcássemos para outro dia. Mas eu não tinha mais tempo e coisa lá se compôs, entre mortos e feridos. Sair incólume dessa primeira impressão fatal foi a parte de “sorte”. O privilégio acabou. É tudo muito estranho.



Para ilustrar este post, escolhi a capa de um dos títulos da colecção “Caminho Jovens”, que o próprio José Oliveira me resgatou do purgatório dos livros esquecidos. Obrigada por tudo.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

UMA RAIZ NA PORTO EDITORA


O Grupo Porto Editora começou o ano anunciando a criação de uma editora que promete apostar no livro infantil. Chama-se Raiz Editora e significa – segundo o comunicado de imprensa – a transição para uma “nova identidade” da que até há pouco era conhecida por Lisboa Editora, no sentido de “um novo posicionamento na área da edição escolar, principal segmento de actividade, ao mesmo tempo que se propõe entrar noutras áreas, nomeadamente na literatura infantil-juvenil.” As novidades serão anunciadas em Fevereiro (esperamos que sejam boas). Para já, aqui fica o video de apresentação.