domingo, 31 de outubro de 2010

A RESIDÊNCIA ESPANHOLA, 24

Das três apresentações do Não Quero Usar Óculos junto das crianças da Escola de El Bruc – cerca de 190 miúdos entre os três e os 12 anos – retirei duas conclusões que, não sendo propriamente novidade, adquirem outros contornos pelo facto de a experiência ter ocorrido fora de Portugal, numa pequena terra a 40 quilómetros de Barcelona. Primeiro, que é um livro capaz de ser facilmente entendido, mesmo sem a ajuda da palavra escrita. Segundo, que o empenho – pessoal e profissional – dos professores em iniciativas desta natureza influencia, para o melhor e para o pior, o envolvimento e as respostas das crianças ao que lhes é pedido – no caso, desenharem os seus próprios óculos imaginários. Professores sem alma nem estamina (ou, resumido de outra maneira, pouco motivados para a leitura e para a interpretação do mundo que os rodeia), dificilmente serão capazes de motivar as crianças que têm à sua responsabilidade, o que me parece um fenómeno deprimente e de consequências dramáticas. É, também, um sintoma socialmente transversal, pelo que pude constatar aqui. Desgraciadamente.

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