terça-feira, 12 de maio de 2009

FOLSON PRISON BLUES


Passou no último fim-de-semana do Indie Lisboa: Johnny Cash at Folson Prison, um documentário de Bestor Cram sobre o concerto na prisão de alta segurança californiana, a 13 de Janeiro de 1968, na origem de um dos mais míticos registos ao vivo de sempre, mesmo não havendo gravação filmada. As imagens captadas pelo fotógrafo da prisão, os testemunhos de músicos e muito material de arquivo servem de matéria-prima a um filme que reconstitui o antes e o depois de um dia extraordinário na vida das centenas de presos que assistiram à actuação do man in black. Bestor Cram elege duas histórias de antigos reclusos, eventualmente exemplares: a que tinha mais probabilidades de dar certo terminou num suicídio. Nem a música garante a salvação, nem Johnny Cash era pessoa “que pudesse salvar alguém”, como se diz a dada altura. Dispensando idolatrias ou rasteiras, o documentário mostra um homem à altura dos seus demónios, que sem nunca ter estado preso (um dos mitos desfeitos) conseguiu chamar a atenção para o sistema prisional norte-americano e contribuir para as reformas de 1970. Em Folson Prison realizaram-se 93 execuções por enforcamento até finais dos anos 1930; a maioria revelou que “o pescoço se partiu entre a quarta e quinta vértebra”, sinal de “boas execuções”, segundo um guarda ouvido no documentário.

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