terça-feira, 6 de janeiro de 2009

ROCK E LITERATURA, 3


Desde que o Bibliotecário de Babel deu a conhecer o blogue Bookride e a colecção de bandas cujos nomes se inspiram em títulos ou personagens literárias, tem sido irresistível descobrir estas ligações. No campo da literatura para crianças também as há. No seguimento deste post e deste, lembro o caso de O Vento nos Salgueiros, o clássico de Kenneth Grahame que fez cem anos em 2008, e o capítulo mais estranho de todo o livro, The Piper at the Gates of Dawn (O flautista às portas da alvorada, na tradução de Júlio Henriques para as edições Tinta-da-China). Estranho porque é um capítulo autónomo em relação à economia da história; e estranho porque a descrição do encontro do Rato e do Toupeira com a música e a visão do misterioso flautista tem ressonâncias de êxtase religioso ou de experiências alucinogénias. Não sei se Kenneth Grahame, um respeitável funcionário do Bank of England, passou por qualquer um destes estados alterados de consciência, mas basta pensar que há cem anos a heroína era vendida como remédio contra a tosse e que misturas de álcool e ópio serviam para acalmar crianças recém-nascidas, para concluir que “trip” e “gripe” seriam termos que se tocariam com relativa facilidade.

A 5 de Agosto de 1967, com Syd Barrett, os Pink Floyd estreavam-se na cena musical inglesa com o álbum The Piper at the Gates of Dawn. Mais tarde, referiram-se ao seu mentor psicadélico como o “flautista”. Vejam e ouçam aqui.

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